Resgatando retratos do fundo do baú
Dias atrás, algo muito curioso, bem interessante e divertido aconteceu: um velho amigo mandou um e-mail, fazendo uma encomenda de um retrato, com o qual quer presentear uma pessoa amada, e mencionou o fato de eu tê-lo retratado, décadas atrás, com o corpo do Davi, num desenho sobre papel. Eu não lembrava mais disso, mas relembrei logo que li sua mensagem, e então sorri sozinha, pensando em como produzimos objetos que circulam pelo mundo, os quais, depois de algum tempo, quase se perdem de nós, como se fossem partículas de nosso ser e energia que tivessem viajado para longe. Foi prazeroso lembrar deste trabalho antigo, uma pequena alegria, como encontrar algo precioso ao remexer num baú de coisas guardadas há muito tempo. O resgate do retrato de Tom reativou ou fez aflorar algumas outras lembranças, memórias e histórias de quando éramos jovens de uns trinta e poucos anos, com os filhotes ainda pequenos. O fato também me fez pensar nos encontros e reencontros das trajetórias humanas neste planeta, em como vamos percorrendo caminhos e desenhando mapas e diagramas que dizem um bocado sobre nosso modo de estar no mundo. Sorri e senti mistura de nostalgia e contentamento, entrecruzamento de tempos, emoções e espaços, atualização de olhares, numa fase de mais maturidade e já com muito pra contar do vivenciado até aqui...
Ana Luisa Kaminski, janeiro de 2017